Lisbon Revisited (por Fernando Pessoa)

  “Não: não quero nada. Já disse que não quero nada. Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer. Não me tragam estéticas! Não me falem em moral! Tirem-me daqui a metafísica! Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas Das ciências (das ciêricias, Deus meu, das ciências!)— Das ciências, das artes,…

Paidos Agogé

  “O filho que não fiz hoje seria homem, ele corre na brisa sem carne e sem nome”, diz Drummond em “Ser”. Em verdade o filho ao qual faz referência, o tal “que viveu meia hora”, foi feito e desfeito no intervalo cruel e breve de trinta minutos. Meia hora sob o céu deste estranho…

O Fantasma de Arcoverde

Um relâmpago me atinge bem agora em algum canto verde da alma. Chega um momento na vida de um homem em que ele simplesmente senta numa poltrona e se dá por recordar (Drummond again). O relâmpago é imagem desse movimento inevitável que des-esquece coisas dentro de nós iluminando cantos sombrios. Em meu caso o canto…

Poesia é pra essas coisas

O mundo é grande – nos lembra incessantemente Drummond – e nosso coração, ao contrário do que ele próprio imaginava na infância, não é maior que o este (o mundo). É tão menor, tão pequeno, que sequer pode conter adequadamente as dores que lhe cabem. O mundo é grande, mas infeliz e ironicamente muito pequeno…

O Fantasma de Minas

Ser mineiro é ser gente. A frase não é minha, mas de Drummond. Em seu belo “Ser Mineiro” ele fala dos atributos delicados do povo das montanhas que ouve mais que fala e tem a prudência de não pisar no escuro ou dar rasteira em vento. Ser mineiro, principalmente (e é onde reside o contagioso…

Aos de Casa (por Vinícius de Moraes)

“Este caderno é meu. E é proibido Arrancar “issozinho” do caderno. Pra quem tiver a “ursada” cometido – – caldeiras de aço líquido – no inferno! Quem de “papel” tiver necessidade Por “aperto” ou razões outras quaisquer Há muitas papelarias na cidade Ou cá na Gávea mesmo se quiser. Mas bulir neste bloco eu não…

A Mó de Moinho e o Maquinismo Sujo do Amor

O ser humano nasceu para o fracasso. A glória o deturpa, desfigura. Qualquer mínima conquista (como dizia o Anjo Pornográfico) por menor que seja empalha o conquistador como se ele tivesse dentro de si algodão ao invés de vísceras vivas. No Grande Sertão, que como o nosso é mundo de muita doideira e pouca razão,…

Um Pouco Antes (por Ferreira Gullar)

“Quando já não for possível encontrar-me em nenhum ponto da cidade ou do planeta pensa ao veres no horizonte (…) uma nesga azul de céu que resta alguma coisa de mim por aqui Não te custará nada crer que sorrio ainda naquela nesga azul celeste pouco antes de dissipar-me para sempre”. (por Ferreira Gullar: fragmento…

A Dor da Espera

Ai, quem me dera chegar a primavera Dos sabores e cheiros, da fruta e do jasmim E da vida, esta estranha dona, se gozasse tanto Que a dor que estala sumisse de mim. Ai, quem me dera ver nascer a fera Que ao lado do anjo, conheceria o amor. Daqueles que nos deixam qual imbecis….

Poema de Sete Pragas

POEMA DE SETE PRAGAS Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse a mim o mesmo que ao Carlos… … ahh se eu pego esse filho da puta! (Recife 27/07/2007)