Os Justos (por Jorge Luis Borges)

  OS JUSTOS ——————————– Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire. O que agradece que na terra haja música. O que descobre com prazer uma etimologia. Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez. O ceramista que premedita uma cor e uma forma. O tipógrafo que compõe bem esta…

O Psicanalista e a Consciência Social

“Ser psicanalista é simplesmente abrir os olhos para essa evidência de que não há nada mais desbaratado que a realidade humana. Se vocês creem ter um eu bem adaptado, razoável, que sabe navegar, reconhecer o que tem de ser feito e o que não tem de ser feito, levar em conta as realidades, não resta…

Profundamente

Como Drummond sou Fazendeiro de Ar. Meu roçado é de palavras, meu gado de ilusão (que foge continuamente na forma de amarga desilusão, verdadeiro e natural sentimento do mundo). Recolhido em minha campânula de vidro sigo meus dias protegido desse mundo ruidoso. Mas conforme meu poeta-patrono de tudo fica um pouco e esse mundo que…

Os Ombros Suportam o Mundo (por Drummond)

 “Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás….

Cantiga de Enganar (por Drummond)

“O mundo não vale o mundo, meu bem. Eu plantei um pé-de-sono, brotaram vinte roseiras. Se me cortei nelas todas e se todas me tingiram de um vago sangue jorrado ao capricho dos espinhos, não foi culpa de ninguém. O mundo, meu bem, não vale a pena, e a face serena vale a face torturada….