Oração de Fazer Poeta

Meu caro Santo Drummond Bandeira de São Manuel, Carente está meu papel D’um verso denso e bom. Com métrica, rima e som Mandai-me do último céu, Um verso talhado a cinzel Oh Santos da letra do dom. Se a Moderna prece é centelha Guimarães santo não nega A quem do Sertão se ajoelha Valei-me oh…

Palhaço (executado por Baden Powell)

“Sei que é doloroso um palhaço Se afastar do palco por alguém Volta, que a plateia te reclama Sei que choras palhaço Por alguém que não lhe ama. Enxuga os olhos E me dá um abraço Não te esqueças Que és um palhaço Faça a plateia gargalhar Um palhaço não deve chorar.” (Música de Oswaldo…

A Revolução dos Idiotas (por Nelson Rodrigues)

“As épocas são mais inteligentes ou menos inteligentes. Mais sóbrias ou menos nobres, românticas ou cínicas, perversas ou heróicas, etc. etc. Nos coube por fatalidade uma das épocas débeis mentais e das mais espantosas da história. Há uma debilidade mental difusa, volatizada, atmosférica. Nós a respiramos. Isso aqui e em todos os idiomas. É um…

Nel mezzo del camin… (por Olavo Bilac)

“Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha. Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha… E paramos de súbito na estrada Da vida: longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha. Hoje, segues de…

Soneto Inglês n° 1 (por Manuel Bandeira)

“Quando a morte cerrar meus olhos duros – Duros de tantos vãos padecimentos, Que pensarão teus peitos imaturos Da minha dor de todos os momentos? Vejo-te agora alheia, e tão distante: Mais que distante – isenta. E bem prevejo, Desde já bem prevejo o exato instante Em que de outro será não teu desejo, Que…

Enganei-me, enganei-me… paciência! (por Tomás Antônio Gonzaga)

“Enganei-me, enganei-me – paciência! Acreditei as vozes, cri, Ormia, que a tua singeleza igualaria à tua mais que angélica aparência. Enganei-me, enganei-me – paciência! Ao menos conheci que não devia pôr nas mãos de uma externa galhardia o prazer, o sossego e a inocência. Enganei-me, cruel, com teu semblante, e nada me admiro de faltares,…