Queridíssimo amigo, Sua mensagem me enche de alívio pelo que comporta de auspiciosa quanto ao afastamento do que (me parece) de mais grave poderia implicar em um diagnóstico. Afastada a tumoração, entendo que muito provavelmente o outro diagnóstico (qualquer que seja) será tratável e curável. Tenho plena certeza (e sei que falo pela boca de…
Mês: março 2014
Fragmento de Sertão
“Eu estava de sentinela, afastado um quarto-de-légua, num alto retuso. Dali eu via aquele movimento: os homens, enxergados tamanhinho de meninos, numa alegria, feito nuvem de abelhas em flor de araçá, esse alvoroço, como tirando roupa e correndo para aproveitaremde se banhar no redondo azul da lagoa, de donde fugiam espantados todos os pássaros –…
Saramago e a Irrelevância da Literatura (por Fernando da Mota Lima)
“Apesar da idade e da doença, José Saramago continua ativo. Vem agora ao Brasil lançar seu novo romance, que é apenas um pretexto para que se pronuncie sobre questões políticas e inquietações humanas que seus leitores não têm idéia de como enfrentar. As aparições públicas de escritores de prestígio como Saramago e a natureza do…
Poema da Gare do Astapovo (por Mario Quintana)
“O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos E foi morrer na gare de Astapovo! Com certeza sentou-se a um velho banco, Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo, Contra uma parede nua… Sentou-se… e sorriu amargamente Pensando que Em toda a sua vida…
O dia de que mulher?
Não há somente beleza na afirmação de Platão de que “o tempo é a imagem móvel da eternidade”. Há também, nessa postulação de capital importância, a menor síntese do ocidente em seu percurso oscilante entre uma e outra proposta de organização do mundo. Quando diz Platão que o tempo em seu devir é cópia, simulacro…
O Amor e as Abelhas
“Com as coisas podemos comportar-nos sem amor: podemos cortar árvores, fazer tijolos, forjar aço sem amor; mas com seres humanos não podemos comportar-nos sem amor, assim como não podemos lidar sem precaução com as abelhas” (Ressurreição – Liev Tolstói)
Carta 36 (de Fernando Pessoa a Ophélia de Queiroz)
Ophelinha, Agradeço a sua carta. Ela trouxe-me pena e alívio ao mesmo tempo. Pena, porque estas coisas fazem sempre pena; alívio, porque, na verdade, a única solução é essa – o não prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem de outra. Da minha, ao menos,…