1938

Quando estudava Diplomacia em Londres, o poeta Vinícius de Moraes escreveu uma amargurada missiva à sua então noiva Tati de Moraes falando de seu confinamento na fria Inglaterra dos anos 30. Para o poeta, sua estadia era mais que um isolamento: era um cativeiro sombrio quase impossível de ser suportado longe das insígnias pátrias que…

Aos de Casa (por Vinícius de Moraes)

“Este caderno é meu. E é proibido Arrancar “issozinho” do caderno. Pra quem tiver a “ursada” cometido – – caldeiras de aço líquido – no inferno! Quem de “papel” tiver necessidade Por “aperto” ou razões outras quaisquer Há muitas papelarias na cidade Ou cá na Gávea mesmo se quiser. Mas bulir neste bloco eu não…

A Mó de Moinho e o Maquinismo Sujo do Amor

O ser humano nasceu para o fracasso. A glória o deturpa, desfigura. Qualquer mínima conquista (como dizia o Anjo Pornográfico) por menor que seja empalha o conquistador como se ele tivesse dentro de si algodão ao invés de vísceras vivas. No Grande Sertão, que como o nosso é mundo de muita doideira e pouca razão,…

Elegia (por Drummond)

“Ganhei (perdi) meu dia. E baixa a coisa fria também chamada noite, e o frio ao frio em bruma se entrelaçam, num suspiro.E me pergunto e me respiro na fuga deste dia que era mil para mim que esperava, os grandes sóis violentos, me sentia tão rico deste dia e lá se foi secreto, ao…

Um Pouco Antes (por Ferreira Gullar)

“Quando já não for possível encontrar-me em nenhum ponto da cidade ou do planeta pensa ao veres no horizonte (…) uma nesga azul de céu que resta alguma coisa de mim por aqui Não te custará nada crer que sorrio ainda naquela nesga azul celeste pouco antes de dissipar-me para sempre”. (por Ferreira Gullar: fragmento…

A Dor da Espera

Ai, quem me dera chegar a primavera Dos sabores e cheiros, da fruta e do jasmim E da vida, esta estranha dona, se gozasse tanto Que a dor que estala sumisse de mim. Ai, quem me dera ver nascer a fera Que ao lado do anjo, conheceria o amor. Daqueles que nos deixam qual imbecis….

O Monstrengo (por Fernando Pessoa)

“O mostrengo que está no fim do mar Na noite de breu ergueu-se a voar; A roda da nau voou três vezes, Voou três vezes a chiar, E disse: «Quem é que ousou entrar Nas minhas cavernas que não desvendo, Meus tectos negros do fim do mundo?» E o homem do leme disse, tremendo: «El-Rei…

Poema de Sete Pragas

POEMA DE SETE PRAGAS Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse a mim o mesmo que ao Carlos… … ahh se eu pego esse filho da puta! (Recife 27/07/2007)