Futebol, rasteiras e política (por Graciliano Ramos)

Pensa-se em introduzir o futebol, nesta terra. É uma lembrança que, certamente, será bem recebida pelo público, que, de ordinário, adora as novidades. Vai ser, por algum tempo, a mania, a maluqueira, a idéia fixa de muita gente. Com exceção talvez de um ou outro tísico, completamente impossibilitado de aplicar o mais insignificante pontapé a…

Infância do Velho Graça

“A primeira coisa que guardei na memória foi um vaso de louça vidrada, cheio de pitombas, escondido atrás de uma porta. Ignoro onde o vi, quando o vi, e se uma parte do caso remoto não desaguasse noutro posterior, julgá-lo-ia sonho. Talvez nem me recorde bem do vaso: é possível que a imagem, brilhante e…

A Criança-poeta de Freud e o Elefante de Carlos Drummond

Em um belo texto de belíssimo nome (Escritores Criativos e Devaneios), Sigmund Freud trata com rigor e originalidade a questão do manancial de onde brotam as águas da poesia concluindo, não sem uma emocionante argumentação, que “afinal, os próprios escritores criativos gostam de diminuir a distância entre a sua classe e o homem comum, assegurando-nos…

Graciliano Ramos no IMS

O Instituto Moreira Salles nos presenteia com a narração de preciosos fragmentos de Graciliano Ramos que empapam nossa alma dos recônditos ensolarados do Sertão Graciliano. O Sertão é o mundo e para nossa literatura representa o mesmo que o Mar para a literatura portuguesa e que Melville (português nascido em Nova Iorque) tão bem resumiu:…

Plebiscito (conto de Arthur de Azevedo)

“A cena passa-se em 1890. A família está toda reunida na sala de jantar. O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um abade. Dona Bernardina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário belga. Os pequenos são dois, um menino e uma menina….