Anteriormente já disponibilizei aqui mesmo no Blog o texto Consoada: um poema-acerto-de-contas entre Manuel Bandeira e as demandas da vida transitada em coerência e com o inegociável da morte. Na postagem eu o apresento com violão ao colo pois não o imagino consoando com a “indesejada das gentes” de outro modo que não seja cantando. Com leveza Bandeira consoa. O texto, um dos mais grandiosos do poeta, é um poema-responsabilidade de imenso valor existencial. Consoada, conforme ilumina Antônio Houaiss, é uma refeição levíssima, sem carne, que se sorve ao final de um dia de jejum. O que tem sido a vida de pessoas de maior sensibilidade nessa estranha terra senão uma experiência de solidão e privação? Na impossibilidade de mudança daquilo que nos circula em modo distoante, a única coisa que podemos diante da vida é mantermos algum fio de coerencia como sugere o poema imortal. Imersos no teatro encenado pelas pessoas que a tudo simulam nada mais resta senão, como diz a imagem de Manduca Piá, cuidar da roça do nosso feijão pessoal até que venha a derradeira noite, até que o final último conosco venha consoar definitivamente com sabor de tempo bem aproveitado.
Consoada [Poema escrito e narrado por Manuel Bandeira] by lituraterre
Vamos arrumar a casa para quem quiser levar.
Arrumar, talvez, para quem quiser chegar.