Pessoa de Jobim

A Música em Pessoa, 1985, Biscoito Fino Abaixo compartilho a versão de “Do Vale a Montanha” idealizada por Jobim para o “Cavaleiro Monge” de Fernando Pessoa. É parte de um disco extraordinário da Biscoito Fino chamado “A Música em Pessoa” onde temos o prazer semi-orgástico de ouvir Jobim em Pessoa, ou seja, o piano do…

Pecado Original (por Fernando Pessoa)

“Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? Será essa, se alguém a escrever, A verdadeira história da humanidade. O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo; O que não há somos nós, e a verdade está aí. Sou quem falhei ser. Somos todos quem nos supusemos….

Breve história do trigo e da falsidade

  A curiosa história do sagrado grão comporta alguns fatos pitorescos. Boa parte deles no Brasil. Por razões comerciais (dessas que aqueles que, não tendo estômago de aço, preferem jantar a compreender), entre as décadas de 30 e 40 era proibida, nos Trópicos Incompreensíveis, a fabricação de pão de puro trigo. Um Decreto-Lei (cito o decreto…

Tatu, diário, sumiço

  Pensei em expressar a minha incomum ausência no Blog escrevendo que minha boca foi, esses dias, fechada pelo zíper das demandas concretas e cotidianas. Como não escrevo com os dentes, cogitei em seguida tentar criar uma metáfora que fale de mãos atadas (talvez pela corda das exigências habituais), mas notei sem querer que nesse…

Único Fato

Elias Canetti, o humanista búlgaro, fez merecer, com a aguda ponta de sua pena que furava a carne e adentrava a alma, o Nobel que recebeu. Sua presença nesse blog já era há muito desejada e eu imaginei que sua introdução seria na forma de um comentário sobre seu genial Die Befristeten (“Os que têm…

José, para onde?

Em ao menos dois intensos e pungentes momentos o grande itabirano viu-se encarnado em sua emblemática e imaginária figura José. Há um José em cada canto de nossa vida. De cada curva de nossa alma José nos espreita com olhos bem abertos sussurrando-nos em voz incompreensível sobre as recorrências da falência das lavras de ouro…

Alta Cirurgia (por Carlos Drummond de Andrade)

“O cão com dois corações vagueia pela cidade: um coração de artifício e o coração de verdade. Exulta a ciência, que obrou tamanha curiosidade: metade é glória da URSS, do Brasil a outra metade. Se o cão é a doçura mesma em seu natural, que há de mais carinhoso que um cão de dupla cordialidade?…

Saudades do Carnaval

O poeta Ascenso, no ventre de sua poesia, registra em relação aos dias momescos a mesma saudade que vejo ir embora junto com o colorido dos papéis que esvoaçam picados: a nostalgia. Saudades não do Carnaval (que está aí), senão do “Meu Carnaval”. O que se fez do Carnaval? Do nosso Carnaval, poeta Ascenso? O…