Morremos a todo instante. Nas pequenas e grandes desilusões da vida, nos imprevistos, contratempos, no não-negociável que nos cerca, no que há de incontornável em nossa condição, no a-Muro, no amoródio, no impossível da relação sexual. Morremos um pouco na solene ilusão do sexo, no circuito que se reabre inexoravelmente após os jorros amorosos evidenciando…
Categoria: (… LITURAS PRÓPRIAS …)
Poesia é pra essas coisas
O mundo é grande – nos lembra incessantemente Drummond – e nosso coração, ao contrário do que ele próprio imaginava na infância, não é maior que o este (o mundo). É tão menor, tão pequeno, que sequer pode conter adequadamente as dores que lhe cabem. O mundo é grande, mas infeliz e ironicamente muito pequeno…
Tristeza em Londres, Tristeza no Mundo
A ode escrita pelo Poeta do Capibaribe foi dedicada ao seu amigo Jayme de Aragon y Ovalle (grafado com “i” na versão final do poema). No entanto as palavras imortais se aplicam a todos os que se empenham em viagens perdidas para desertos inóspitos, imensos e tristes. ESPARSA TRISTE (Por Manuel Bandeira) “Jaime Ovalle,…
A Morte do Cisne, a Morte da Arte
Le Carnaval des Animaux é uma peça de Camille Saint-Saëns datada do já distante 1886. Sua beleza que desconhece o envelhecimento a torna atualíssima e capaz de nos comover quase 150 anos depois de passado o contexto de sua produção. Talvez por não ter sido obra datada que, como o que se produz hoje sob…
Cem de Noel
Alguns afazeres mais urgentes que prazerosos me impediram de registrar merecidamente, em formato de crônica, o centenário do nascimento do meu querido Noel Rosa. Precisaria de algumas horas para esboçar com justiça como o poeta de Vila Isabel foi o responsável pelo formato do Samba tal como o conhecemos hoje e como sua vida, consumida…
O Aniversário de Clarice Lispector nos Lembra: ninguém nasce pra ser feliz
Chovendo no molhado anuncio o que já corre solto pelas curvas impalpáveis da Internet: se viva, Clarice Lispector completaria na manhã de hoje belos 90 anos. Reconhecedor que sou da importância maiúscula de Clarice para a nossa prosa e admirador contumaz de sua personalidade incrivelmente lúcida sou, não obstante, um quase desconhecedor de sua obra….
Eu? Passarinho!
“Minha poesia sou eu mesmo, nunca escrevi uma linha sequer que não fosse uma confissão”, revela Quintana em uma das muitas entrevistas chatas que concedeu (quando invariavelmente lhe perguntava quantos livros escreveu, se a vida lhe trouxe satisfação e qual o recado que deixa aos moços). Mestre na arte de driblar a superficialidade levando a…
Meu (nosso) Quintana
MEU QUINTANA (por Manuel Bandeira) “Meu Quintana, os teus cantares Não são, Quintana, cantares: São, Quintana, quintanares. Quinta-essência de cantares… Insólitos, singulares… Cantares? Não! Quintanares! Quer livres, quer regulares, Abrem sempre os teus cantares Como flor de quintanares. São cantigas sem esgares. Onde as lágrimas são mares De amor, os teus quintanares. São feitos esses…
Palmares e Paris: as epifanias amorosas do poeta Ascenso e do psicanalista Lacan
Ascenso Ferreira, poeta maior, com sua poema Nordeste nos dá um belo exemplo literário do que Lacan, da margem direita do Sena, no seu consultório no n° 5 da Rue de Lille, descreveu como sendo a propriedade fundamental do amor: fazer o gozo condescender ao desejo. O psicanalista torto do charuto torto com isso queria…
Os Tweets do Passarinho Quintana
Mário Quintana é dono de uma das poesias mais satiricômicas de que se tem notícia em nosso idioma. Não à toa nasceu em numa cidade de nome “Alegrete”, que anunciava o destino incontornável de seu estilo literário. Como eu, nunca casou: dizia preferir deixar várias mulheres esperançosas do que uma única infeliz. Um modo…
