Janelas Abertas

“Se acaso, por um momento, teu coração, como o de teu pai, ficar vazio, arruma a casa, abre a janela, põe tua roupa nova — para que o vento a caminho, mais uma vez, te arrebate vivo.”  

Inscrição para uma Lareira (por Mario Quintana)

“A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta? Em meio aos toros que desabam, cantemos a canção das chamas! Cantemos a canção da vida, na própria luz consumida…”

Caminho de Casa

Sinto um ardor de amante pelo caminho que me leva à cidade onde nasci. Percorri tal caminho, transido de amor macio, durante as festas do Filho de Isabel – festa das fogueiras e luzes – em busca de alguma chama da perdida infância que porventura ardesse ainda. Nas veredas percorridas no intenso caminho interior que…

Poeminha Sentimental (por Mario Quintana)

“O meu amor, o meu amor, Maria É como um fio telegráfico da estrada Aonde vêm pousar as andorinhas… De vez em quando chega uma E canta (Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!) Canta e vai-se embora Outra, nem isso, Mal chega, vai-se embora. A última que passou Limitou-se a fazer cocô…

Aos Namorados do Brasil (por Drummond)

“Dai-me, Senhor, assistência técnica para eu falar aos namorados do Brasil. Será que namorado algum escuta alguém? Adianta falar a namorados? E será que tenho coisas a dizer-lhes que eles não saibam, eles que transformam a sabedoria universal em divino esquecimento? Adianta-lhes, Senhor, saber alguma coisa, quando perdem os olhos para toda paisagem , perdem…

ArtistÁrvore

“Ser artista não significa calcular e contar, mas sim amadurecer como a árvore que não apressa a sua seiva e enfrenta tranqüila as tempestades da primavera, sem medo de que depois dela não venha nenhum verão. O verão há de vir, mas virá só para os pacientes, que aguardam num grande silêncio intrépido, como se…

Nós Cavalões… também correndo…

A palavra dos comentadores e biógrafos (dentre eles o próprio autor, o menos autorizado a meter o dedo neste impasse) fiam a certeza de que o poema a seguir foi escrito durante a “II Grande Guerra” numa epifania de almoço quando o Manuel Bandeira fazia sua refeição no Jóquei-Clube do Rio de Janeiro, assistindo corridas….

Cartas, Telegramas e outras Memórias

Organizando minha velha caixa de correspondência redescobri que, até a invenção de e-meio (o meio virtual composto por emails, blogs, microblogs, redes sociais e demais recursos que simulam uma proximidade que é, no máximo, meia) alguns dos eventos fundamentais da minha e de muitas vidas foram prenunciados por carta e anunciados pelo grave telegrama. Desde…

aMuro

  “Entre l’homme et la femme, Il y a l’amour. Entre l’homme et l’amour, Il y a un monde. Entre l’homme et le monde, Il y a un mur.” (Versão de Jacques Lacan, encontrada no seminário “O Saber do Psicanalista”, para o poema de Antoine Tudal. Lacan aperfeiçoa a fórmula e aprofunda o enigma permutando…