Destruição (por Carlos Drummond de Andrade)

  “Os amantes se amam cruelmente e com se amarem tanto não se vêem. Um se beija no outro, refletido. Dois amantes que são? Dois inimigos. Amantes são meninos estragados pelo mimo de amar: e não percebem quanto se pulverizam no enlaçar-se, e como o que era mundo volve a nada. Nada, ninguém. Amor, puro…

Flechas, humor, amor

Flechas e humor. Flechas no coração de sofredor de todos os que sangram solidão amorosa. “Il n’y a pas de rapport sexuel”, poucas vezes na história foram pronunciadas palavras tão sábias, Lacan sabia mesmo das coisas. Isso ilumina o mundo e nossa condição. Humor sobre nossa condição tão contradita como véu sobre e no masoquismo…

Quero me casar (por Carlos Drummond de Andrade)

“Quero me casar na noite na rua no mar ou no céu quero me casar. Procuro uma noiva loura morena preta ou azul uma noiva verde uma noiva no ar como um passarinho. Depressa, que o amor não pode esperar!” (por Carlos Drummond de Andrade)

Aperto nas palavras

Urgências de natureza prática do cotidiano que somos obrigados a arrastar me farão esparsar um pouco o imensamente prazeroso ofício de postar aqui iscas para nosso fértil diálogo. Não os deixarei a esmo e sem anzol nesse mar confuso da internet sem porteiras e posto hoje duas gotas vindos do profundo de minha sede para…

Enquanto houver Cecília…

A poesia nos espreita de perto e de longe. No caso do meu querido Quintana o vigiou desde muito cedo. Ainda quando criança a poesia o encarava do lado de fora do vidro por onde escorria a chuva que não molhou o seu rosto de menino crescido num aquário de janelas. Posteriormente o assolou nas…

Achando o Amor

Paulo Mendes Campos é de uma safra especial de cronistas, daqueles que pelas urgências do estômago acabaram por se tornar um mestre nesse estilo com peculiaridades tão nacionais. Amigo de Quintana, Vinícius, Drummond, Bandeira e demais gigantes intelectuais de sua geração, deixou-nos um legado de verdadeiros mapas existenciais de nossas mais secretas e contraditórias veredas….

Predestinação (por Ascenço Ferreira)

“— Entra pra dentro, Chiquinha! Entra pra dentro, Chiquinha! No caminho que você vai você acaba prostituta! E ela: — Deus te ouça, minha mãe… Deus te ouça…” Predestinação [Ascenso Ferreira, narrado por Chico Anysio] by lituraterre

Modesto, Kafka

Schopenhauer diz que, fundamentalmente, “a tarefa do escritor de romances não é narrar grandes acontecimentos, mas tornar interessantes os pequenos”. Nada mais apropriado para se dizer do escritor tcheco Franz Kafka que construiu, ao longo de sua obra que cresceu em silêncio sob o manto do mais completo desconhecimento, personagens que “não sabiam do que…

2011

O tempo que rói mortos e vivos é criação imaginária. Turbilhão desses criados para nos triturar os miolos com o açoite de algo que inexoravelmente passa (sem reversibilidade possível) e que nos impele ao gozo. É preciso aproveitar o carnaval, conhecer o mundo, namorar mais de cem, tomar todas as drogas, casar e descasar, morrer…