Num trecho célebre de Ser e Tempo (uma das obras máximas de nossa época), Martin Heidegger usa a metáfora da queda (de-cadência/verfallen) para exprimir a existência humana. O termo decadência não exprime nenhuma avaliação negativa: implica antes numa espécie de determinação existencial constituindo, no seio de seu movimento, características do Ser do Homem. Num momento…
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Belo Belo (por Manuel Bandeira)
“Belo belo belo, Tenho tudo quanto quero. Tenho o fogo de constelações extintas há milênios. E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes. A aurora apaga-se, E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora. O dia vem, e dia adentro Continuo a possuir o segredo grande da noite. Belo…
Poesia Concreta (por Manuel Bandeira)
Extraído de DIMENSÃO – Revista Internacional de Poesia Uberaba/Brasil – Ano XVII – N. 26 – 1997 – Número Especial III
Paisagens do Sertão de Rosa
Sertão é isso: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. O que é de paz, cresce por si: de ouvir boi berrando à forra, me vinha idéia de tudo só ser o passado no futuro. Imaginei esses sonhos. Me lembrei do não-saber. E eu não tinha…
Web Logs e os Não-sem-danos da vida
(Crédito da Foto: Stefany Alves em http://donttouchmymoleskine.com/) O amor não é sem danos. Escrever menos ainda. Talvez exista uma incontornável semelhança entre essas duas malditas atividades onde o agente é muito mais agido, muito mais asujeitado (ou assujeirado) que sujeito num processo onde a autoria pode ser constantemente contestada. Que os mais pudicos segurem seus…
Não se Mate (por Drummond)
“Carlos, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será. Inútil você resistir ou mesmo suicidar-se. Não se mate, oh não se mate, Reserve-se todo para as bodas que ninguém sabe quando virão, se é que virão. O…
Rondó do Capitão (por Manuel Bandeira)
“Bão balalão, Senhor capitão, Tirai este peso Do meu coração. Não é de tristeza Não é de aflição: É só esperança, Senhor capitão! A leve esperança, Senhor capitão! A leve esperança, A aérea esperança… Aérea, pois não! – Peso mais pesado Não existe não. Ah, livrai-me dele, Senhor capitão!” (Poema: Manuel Bandeira Imagem: Sísifo –…
Versos de Amor (por Augusto dos Anjos)
“Parece muito doce aquela cana. Descasco-a, provo-a, chupo-a . . ilusão treda! O amor, poeta, é como a cana azeda, A toda a boca que o não prova engana. Quis saber que era o amor, por experiência, E hoje que, enfim, conheço o seu conteúdo, Pudera eu ter, eu que idolatro o estudo, Todas as…
1938
Quando estudava Diplomacia em Londres, o poeta Vinícius de Moraes escreveu uma amargurada missiva à sua então noiva Tati de Moraes falando de seu confinamento na fria Inglaterra dos anos 30. Para o poeta, sua estadia era mais que um isolamento: era um cativeiro sombrio quase impossível de ser suportado longe das insígnias pátrias que…
A Mó de Moinho e o Maquinismo Sujo do Amor
O ser humano nasceu para o fracasso. A glória o deturpa, desfigura. Qualquer mínima conquista (como dizia o Anjo Pornográfico) por menor que seja empalha o conquistador como se ele tivesse dentro de si algodão ao invés de vísceras vivas. No Grande Sertão, que como o nosso é mundo de muita doideira e pouca razão,…
