Tentei passar o dia de modo divertido, às voltas com a poesia de Ascenso e longe da balbúrdia criada pela massa. Havia decidido não escrever nada sobre essa festa odiosa, mas são 23h 40min e ainda há barulho de festa, música e fogos promovido por meus festivos conterrâneos. Escrevo então nessa postagem forçada compelido pelas…
Categoria: Amor, Ódio e Ignorância
Juliana Albuquerque Katz, o Segundo Verso de Minha Irreparável Solidão
Passar anos sem ter com quem falar a própria língua é um exílio agudo dentro do próprio silêncio, diz Affonso Romano iniciando sua imorrível crônica. Com este mote homenageio menos o cronista mineiro e mais Juliana Albuquerque Katz, minha “outra Dinamarquesa”: a que comigo fala a inefável língua do intercâmbio que alimenta a alma e disfarça a irreparável…
Paiversão (père-version)
Nos idos tardios do ano de 1969 (apenas alguns meses depois do intenso 68), Lacan redige um escrito de extensão miúda no qual tematiza as utopias comunitárias e opina sobre seu fracasso (delas, das utopias de massa). Para Lacan, o tal “fracasso das utopias comunitárias” se associa ao afundamento da singularidade: o efeito de anonimato…
Mascarada (por Manuel Bandeira)
“Você me conhece? (Frase dos mascarados de antigamente) – Você me conhece? – Não conheço não. – Ah, como fui bela! Tive grandes olhos, que a paixão dos homens (estranha paixão!) Fazia maiores… Fazia infinitos. Diz: não me conheces? – Não conheço não. – Se eu falava, um mundo Irreal se abria à tua visao!…
Janelas Abertas
“Se acaso, por um momento, teu coração, como o de teu pai, ficar vazio, arruma a casa, abre a janela, põe tua roupa nova — para que o vento a caminho, mais uma vez, te arrebate vivo.”
Caminho de Casa
Sinto um ardor de amante pelo caminho que me leva à cidade onde nasci. Percorri tal caminho, transido de amor macio, durante as festas do Filho de Isabel – festa das fogueiras e luzes – em busca de alguma chama da perdida infância que porventura ardesse ainda. Nas veredas percorridas no intenso caminho interior que…
Poeminha Sentimental (por Mario Quintana)
“O meu amor, o meu amor, Maria É como um fio telegráfico da estrada Aonde vêm pousar as andorinhas… De vez em quando chega uma E canta (Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!) Canta e vai-se embora Outra, nem isso, Mal chega, vai-se embora. A última que passou Limitou-se a fazer cocô…
Profundamente
Como Drummond sou Fazendeiro de Ar. Meu roçado é de palavras, meu gado de ilusão (que foge continuamente na forma de amarga desilusão, verdadeiro e natural sentimento do mundo). Recolhido em minha campânula de vidro sigo meus dias protegido desse mundo ruidoso. Mas conforme meu poeta-patrono de tudo fica um pouco e esse mundo que…
Aula Inaugural no São João (Borges e Quintana)
Para Quintana, poeta e menino de aquário protegido como eu dos ruídos desse mundo intenso, a dança, como a poesia, apresentava-se como um luzeiro de esperança no oco do tenebroso da existência. Ritmo e poesia acendiam-se iluminando uma vereda na contramarcha do abismo. Somados, dança e verso (em sua tradição eminentemente oral) encontramos a música….
O Elixir do Amor (fragmento)
“Belo repouso o do ceifeiro! Quando o sol mais ferve e escalda, sob uma faia, aos pés de uma colina, repousar e respirar! O vivo ardor do meio-dia é apaziguado pelas sombras e pelos rios que correm; mas a chama ardente do amor nem sombra, nem rio podem apaziguar. Afortunado seja o ceifeiro que dele…
