Drummond (sempre ele) nos garante que brota sempre uma centelha de vida onde os homens se sentam juntos e este blog, para meu deleite, tem sido uma fornalha de vida (não só a mim mas) a todos os que livremente aproximam-se deste sagrado conluio, desta cópula secreta da letra em seu estado primariamente corporal. Agradeço,…
Autor: Pedro Gabriel
Passagem do Ano (por Carlos Drummond)
“O último dia do ano Não é o último dia do tempo. Outros dias virão E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida. Beijarás bocas, rasgarás papéis, Farás viagens e tantas celebrações De aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia E coral, Que o tempo ficará repleto e não ouvirás o…
Cem Anos de Nelson, 50 de Psicologia (por Pedro Xavier)
“Lendo os grandes escritores da literatura universal, não raro nos deparamos com personagens de quem se diz que são psicólogos. Os próprios autores o dizem, os próprios criadores desses personagens. Não que tenham sido formados na ciência psicológica, não que tenham feito qualquer espécie de graduação em psicologia. Dizer que são psicólogos é o mesmo…
Aniversário de um poeta, biografia de um poema
Em 1930, custeado com economias próprias, Drummond publica seu romance de saída: Alguma Poesia. Nele, o 15º seria o poema de maior fortuna crítica da literatura de nosso país: o plurihermenêutico “No meio do caminho“. Na iminência do quadragésimo aniversário de publicação de seu poema enigma, Drummond compila a fortuna crítica de então e em…
Toada do Amor (por Carlos Drummond de Andrade)
“Toada do Amor E o amor sempre nessa toada! briga perdoa perdoa briga. Não se deve xingar a vida, a gente vive, depois esquece. Só o amor volta para brigar, para perdoar, amor cachorro bandido trem. Mas, se não fosse ele, também que graça que a vida tinha? Mariquita, dá cá o pito, no teu…
Mudança
Cientistas experimentados descobriram, após vários anos e bilhões de dólares investidos em pesquisa, uma partícula chamada Bóson de Higgs: uma estrutura subatômica que pode revolucionar a medicina, as físicas quântica e nuclear, as pesquisas espaciais e a compreensão sobre a história do Universo. Tal evento não deixa de ter alguma importância e talvez arrancasse um…
Pastelaria (por Mário Cesariny)
Em homenagem à vida, esse imenso pastelão azedo, uma bela gargalhada em forma de poesia. PASTELARIA (por Mário Cesariny) “Afinal o que importa não é a literatura nem a crítica de arte nem a câmara escura Afinal o que importa não é bem o negócio nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de…
Mar Bravo (por Manuel Bandeira)
“Mar que ouvi sempre cantar murmúrios Na doce queixa das elegias, Como se fosses, nas tardes frias De tons purpúreos, A voz de minhas melancolias: Com que delícia neste infortúnio, Com que selvagem, profundo gozo, Hoje te vejo bater raivoso, Na maré-cheia de novilúvio, Mar rumoroso! Com que amargura mordes a areia, Cuspindo a baba…
