Café com Leite (por Antônio Maria)

“É preciso amar, sabe? Ter-se uma mulher a quem se chegue, como o barco fatigado à sua enseada de retorno. O corpo lasso e confortável, de noite pede um cais. A mulher a quem se chega, exausto e, com a força do cansaço, dá-se o espiritualíssimo amor do corpo. Como deve ser triste a vida…

Considerações Sobre o Sono (por Antônio Maria)

“A pessoa que dorme está inteiramente só. *** Quando o homem dorme, o seu rosto se desmarca de todas as tramas e de todos os desgostos. *** Nada enternece mais uma mulher que o rosto do amante, dormindo. *** Ela se debruça sobre a face do amado e descobre que eram simples palavras todas as…

Poema (Anti)Natalino (por Fernando Mota)

NONEL por Fernando Mota “Um dia serei Natal Liberto desse comércio Sem shopping cheque cartão Guichê no aperto de mão Lucro na pele do abraço. Um dia serei estrela Ser sem comércio, poeira Dust stardust compasso. Raio no azul da piscina Lição que a vida não ensina Em si completa: nonada.”

Natal com Maria (2)

Cronista, em qualquer éter onde teu entendimento lúcido e sofrido esteja receba esta infeliz notícia… o Natal e o teu Recife continuam barulhentos, disformes, incoerentes com a poesia que se desprende de suas pontes, rios e praças. Fragmento de CARNAVAL ANTIGO (por Antônio Maria) “No Recife, o Carnaval começava no Natal. Ou melhor, não havia…

Natal com Maria (1)

Fragmento de CANÇÃO DE FIM DE ANO (por Antônio Maria) (…) “Sou o homem real, que sua, que mente, que disfarça, que teme, que inveja e cobiça. Tive e tenho os meus momentos de suicida. Não gosto que me conheçam aquém e além de um homem constantemente exposto ao erro e ao crime. É dever…

Cartão de Natal (por João Cabral de Melo Neto)

“Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de vôo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente;…

Das Vantagens de Ser Bobo (por Clarice Lispector)

“O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fa- zendo. Estou pen- sando.” Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída…

EsClaricendo

Meu reflexo encontrado no profundo vazio especular se  reflete naquilo que leio em Clarice Lispector. Ali encontro eu próprio, meus nós, meus deslindes, o emaranhado supremo da vida. Lá encontro também uma Vereda, um caminho por onde atravessar a nuvem de fantasia que nos cega a vista e nos dispõe em peleja. Clarice que possui…

Sonoleneto n° -1 ou o Pedágio do Sono

No canto do dia a letra cúmplice desenha-se em poesia. Em artífice gozo massacro meu corpo já sem energia. Caronte com o verso requer seu denário mal soldo diário preço do descanso Quer sono, Poeta? Bem caro Isso custa. Escreve, cala tua cuca, Deita, descansa.   (Recife, 10 de Dezembro de 2011, aniversário de 91…

Convite e Agradecimentos

Em tudo o que se pretende arte (ser ou ao menos a ela referir-se) encontramos aventura imprevisível. De todo ofício impossível (analisar, educar, governar… dissertar) não se pode prever senão os começos: como numa enigmática partida de Xadrez em que o desconhecimento do seu termo não elide a necessidade de rigor estratégico para um bom…