
“Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?
Será essa, se alguém a escrever,
A verdadeira história da humanidade.
O que há é só o mundo verdadeiro, não é nós, só o mundo;
O que não há somos nós, e a verdade está aí.
Sou quem falhei ser.
Somos todos quem nos supusemos.
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Que é daquela nossa verdade — o sonho à janela da infância?
Que é daquela nossa certeza — o propósito a mesa de depois?
Medito, a cabeça curvada contra as mãos sobrepostas
Sobre o parapeito alto da janela de sacada,
Sentado de lado numa cadeira, depois de jantar.
Que é da minha realidade, que só tenho a vida?
Que é de mim, que sou só quem existo?
Quantos Césares fui!
Na alma, e com alguma verdade;
Na imaginação, e com alguma justiça;
Na inteligência, e com alguma razão —
Meu Deus! meu Deus! meu Deus!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!
Quantos Césares fui!”
(por Fernando Pessoa)


É muito bom apreciar os textos postados nesse ambiente, sempre há neles muita sensibilidade, poesia e delicadeza. Sobre os dois últimos postados, faz-nos “ruminar” sobre as imperfeições humanas e a necessidade de introversão. E como sempre você sabe ofertar esse momento com muito estro e doçura. Nós, meros mortais, frequentadores e leitores desse aconchegante espaço, também podemos contribuir com alguns poemas da literatura espanhola?
Parabéns Gabriel por esse refúgio que pertence a todos nós.
Obrigado pelo comentário Joana. Quanto à poesia você pode talvez inicial um blog de poesias em espanhol, que tal?