Receita de Ano Novo (por Carlos Drummond)

“Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das…

Passagem do Ano (por Carlos Drummond)

“O último dia do ano não é o último dia do tempo. Outros dias virão e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida. Beijarás bocas, rasgarás papéis, farás viagens e tantas celebrações de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral, que o tempo ficará repleto e não ouvirás o…

Feliz JazzTown

Como última postagem do odioso Natal, celebração da culpa onde uma amarga tristeza se traveste de uma caricata alegria e um recitado sentimento de confraternização universal que se contradiz a cada mínimo gesto, apresento o Jazz, sempre ele, sobretudo ele a nos curar. Trago três faixas temáticas de minha maior predileção. Iniciando com Charlie Parker,…

Natal com Maria (3)

FRASES DE DEZEMBRO (por Antônio Maria) “Dezembro é o mês de uma infinidade de frases, que se repetem em todos os anos, sempre as mesmas. Vamos lembrar algumas, que estão sendo ditas, desde o dia 1º: “O ano passou num abrir e fechar de olhos” “Você reparou quanta gente conhecida morreu este ano?” “E todas…

Natal com Maria (1)

Fragmento de CANÇÃO DE FIM DE ANO (por Antônio Maria) (…) “Sou o homem real, que sua, que mente, que disfarça, que teme, que inveja e cobiça. Tive e tenho os meus momentos de suicida. Não gosto que me conheçam aquém e além de um homem constantemente exposto ao erro e ao crime. É dever…

Cartão de Natal (por João Cabral de Melo Neto)

“Pois que reinaugurando essa criança pensam os homens reinaugurar a sua vida e começar novo caderno, fresco como o pão do dia; pois que nestes dias a aventura parece em ponto de vôo, e parece que vão enfim poder explodir suas sementes: que desta vez não perca esse caderno sua atração núbil para o dente;…

Sonoleneto n° -1 ou o Pedágio do Sono

No canto do dia a letra cúmplice desenha-se em poesia. Em artífice gozo massacro meu corpo já sem energia. Caronte com o verso requer seu denário mal soldo diário preço do descanso Quer sono, Poeta? Bem caro Isso custa. Escreve, cala tua cuca, Deita, descansa.   (Recife, 10 de Dezembro de 2011, aniversário de 91…

Contra a foice do tempo é vão o combate

“Quando a hora dobra em triste e tardo toque E em noite horrenda vejo escoar-se o dia, Quando vejo esvair-se a violeta, ou que A prata a preta têmpora assedia; Quando vejo sem folha o tronco antigo Que ao rebanho estendia sombra franca E em feixe atado agora o verde trigo Seguir o carro, a…

Ascenso, o princípio

Ascenso Ferreira foi o responsável pelo meu primeiro alumbramento poético. Embora meu primeiro arrebatamento tenha se dado de maneira definitiva com João Cabral e sua poesia pluvial, minha alma aprendeu por primeiro a respirar sorvendo o sopro da poesia cotidiana do velho palmarense. Sua poesia pungente e divertida me apresentou em primeira mão (Freud, quando…