O Instituto Moreira Salles nos presenteia com a narração de preciosos fragmentos de Graciliano Ramos que empapam nossa alma dos recônditos ensolarados do Sertão Graciliano. O Sertão é o mundo e para nossa literatura representa o mesmo que o Mar para a literatura portuguesa e que Melville (português nascido em Nova Iorque) tão bem resumiu:…
Autor: Pedro Gabriel
Plebiscito (conto de Arthur de Azevedo)
“A cena passa-se em 1890. A família está toda reunida na sala de jantar. O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um abade. Dona Bernardina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário belga. Os pequenos são dois, um menino e uma menina….
Ai de ti, ó velho mar profundo…
Após as três derrotas sofridas na concorrência por uma desejada vaga na ABL (em todas elas perdendo a indicação para poetas sem poesia pelo dedaço de algum agente político), Quintana escreve seu Poeminha do Contra. Acossado por jornalistas sem notícia que insistiam em colocar o dedo na ferida o grande alegretense repete seu movimento de…
Zaratustra
“E Zaratustra parou e pensou. Finalmente, disse, entristecido: ‘TUDO ficou menor!’. Em todos os lugares, vejo portões mais baixos: quem é do MEU porte provavelmente ainda consegue passar, mas – terá de se curvar!… Ando por entre esse povo mantendo os olhos abertos: eles se tornaram menores e ficam cada vez menores: – NISSO, CONTUDO,…
Menino Chorando na Noite (por Drummond)
“Na noite lenta e morna, morta noite sem ruído, um menino chora. O choro atrás da parede, a luz atrás da vidraça perdem-se na sombra dos passos abafados, das vozes extenuadas. E no entanto se ouve até o rumor da gota de remédio caindo na colher. Um menino chora na noite, atrás da parede, atrás…
Dorme ruazinha… é tudo escuro… (por Mario Quintana)
“Dorme ruazinha… É tudo escuro… E os meus passos, quem é que pode ouvi-los? Dorme teu sono sossegado e puro, Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos… Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro… Nem guardas para acaso perseguí-los… Na noite alta, como sobre um muro, As estrelinhas cantam como grilos… O vento está dormindo…
Happy Few
Foto tirada no último final de semana, na Livraria Jaqueira, no debate sobre a “Poética da Criação”. Ver jovens ao lado de pessoas mais maduras sentadas para ouvir sobre poesia é uma razão de esperança. A literatura sorrateira e silenciosamente escolhe os seus a quem irá salvar, os happy few de Stendhal que conhecem o…
Passado Presente
Garimpando a mina funda do tempo a procura de alguma pepita que servisse de matéria para uma postagem me deparou com uma antiga lembrança infantil. Quando criança uma professora perguntou a toda a turma o que cada um queria da vida quando adulto. Eu, menino entre amendoeiras, em uma cidade do interior cercada por Serras…
Eu, etiqueta (por Carlos Drummond de Andrade)
“Em minha calça está grudado um nome Que não é meu de batismo ou de cartório Um nome… estranho. Meu blusão traz lembrete de bebida Que jamais pus na boca, nessa vida, Em minha camiseta, a marca de cigarro Que não fumo, até hoje não fumei. Minhas meias falam de produtos Que nunca experimentei Mas…
