
“Dentro de mim – mas onde?
no céu
da boca? debaixo
da pele? –
fulge de repente um largo verde esquecido
dentro de mim
ou fora
(em algum lugar nenhum)
de mim
um largo como se fosse um lago
e quase a transbordar de verde
ouvia a miúda algazarra da relva
rente ao chão
ah aquela inesperada toalha verde viva
em meio à cidade em ruínas!
(o relâmpago me atinge agora numa cozinhaq dea rua Duvivier)
De tais espantos somos feitos.”
(Trecho do recém lançado “Em Alguma Parte Alguma”, de Ferreira Gullar pela José Olympio, p. 42)
