Já que dura tão pouco a flor dos anos…

“Já Marília cruel, me não maltrata saber que usas comigo de cautelas, qu’inda te espero ver por causa delas, arrependida de ter sido ingrata Com o tempo, que tudo desbarata, teus olhos deixarão de ser estrelas; verás murchar no rosto as faces belas e as tranças d´oiro converter-se em prata. Pois se sabes que a…

A Pedra e o Viúvo

Drummond entra na poesia com seu brilhante Alguma Poesia cuja publicação, datada de 1930, foi custeada com economias próprias. Nele ouve-se retumbante seu magnífico No meio do caminho, de longe, o poema dono da mais extensa fortuna crítica de nossa literatura. Mesmo estreante, o Gauche Itabirano não era propriamente um desconhecido ao quebrar seu cofre-porquinho…

O Medo (por Drummond)

“Em verdade temos medo. Nascemos no escuro. As existências são poucas; Carteiro, ditador, soldado. Nosso destino, incompleto. E fomos educados para o medo. Cheiramos flores de medo. Vestimos panos de medo. De medo, vermelhos rios Vadeamos. Somos apenas uns homens e a natureza traiu-nos. Há as árvores, as fábricas, Doenças galopantes, fomes. Refugiamo-nos no amor,…

Inscrição para uma Lareira (por Mario Quintana)

“A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta? Em meio aos toros que desabam, cantemos a canção das chamas! Cantemos a canção da vida, na própria luz consumida…”

Flechas, humor, amor

Flechas e humor. Flechas no coração de sofredor de todos os que sangram solidão amorosa. “Il n’y a pas de rapport sexuel”, poucas vezes na história foram pronunciadas palavras tão sábias, Lacan sabia mesmo das coisas. Isso ilumina o mundo e nossa condição. Humor sobre nossa condição tão contradita como véu sobre e no masoquismo…

Achando o Amor

Paulo Mendes Campos é de uma safra especial de cronistas, daqueles que pelas urgências do estômago acabaram por se tornar um mestre nesse estilo com peculiaridades tão nacionais. Amigo de Quintana, Vinícius, Drummond, Bandeira e demais gigantes intelectuais de sua geração, deixou-nos um legado de verdadeiros mapas existenciais de nossas mais secretas e contraditórias veredas….

Soneto XVII (por Mario Quintana)

“Da vez primeira que me assassinaram Perdi um jeito de sorrir que eu tinha… Depois, de cada vez que me mataram. Foram levando qualquer coisa minha… E hoje, dos meus cadáveres, eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada… Arde um toco de vela, amarelada… Como o único bem que me ficou!…