Garimpando a mina funda do tempo a procura de alguma pepita que servisse de matéria para uma postagem me deparou com uma antiga lembrança infantil. Quando criança uma professora perguntou a toda a turma o que cada um queria da vida quando adulto. Eu, menino entre amendoeiras, em uma cidade do interior cercada por Serras recebendo de fora as notícias do grande mundo pelas bancas e o antigo cinema da cidade, não me reconhecia nas projeções do “quero ser bem de vida” dos meus colegas que, com justiça, aspiravam o conforto material. Desde pequeno não enxergava outro horizonte futuro além daquele que, com imprudente honestidade, confessei à “Tia Célia”: quando crescer quero conhecer as pessoas que escrevem os jornais, os comerciais da TV, os filmes do Rio Branco e as poesias que colocam no livro de português. Contudo, nem nos melhores sonhos, eu imaginava que seria um deles. Meu apreço aos escolhidos pela Letra, aos que silenciosamente salvam este mundo.

