Em homenagem à vida,
esse imenso pastelão azedo,
uma bela gargalhada em forma de poesia.
PASTELARIA (por Mário Cesariny)
“Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que importa não é ser novo e galante
– ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos
frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal o que importa não é haver gente com
fome
porque assim como assim ainda há muita gente que
come
Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de
muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do
peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo
No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra.”
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O poema acima foi garimpado no nobiliárquico “Autores e Livros” mantido por Eduardo Coelho, doutor em Manuel Bandeira dentre outras reluzentes credenciais.O melhor dos homens (como repete em mantra um amigo querido) são suas obras. E o melhor da humanidade são tais homens, autores de tais obras. O blog de Eduardo (assim como o meu) se presta a recordar o valor dessa nossa esquecida família que nos alimenta, geração após geração, de beleza e Norte.
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