
Há 89 anos Tim Finnegans caía. Hoje, quase 90 anos depois, continuamos a ouvir seu corpo rolar pela escada: “The fall (bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonner-ronntuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk!)” nos reunimos no último e a cada 16 de junho, para apreciar a melodia da sua queda. James Joyce não fala somente sobre a queda, ele nos derruba, ele nos faz cair, já na primeira linha, na primeira palavrenigma que enuncia: “riverrun”, riocorrente… rollarriuanna… Joyce nos põe de joelhos e nos deita, nos faz cair de rir, dobra nossa ignorância. Ulisses foi o livro escrito a respeito do dia, Finnegans Wake o livro da noite, composto com a lógica dos sonhos: é um livro para se ler dormindo, sonhando. Joyce nos arrasta pelas escadarias da história irlandesa, quebra não somente o inglês (supondo aí a primazia do gaélico), mas quebra nossa cabeça com palavras impronunciáveis. Nos deixa, no entanto, música. O escricanto de um romanSOMnho.