Soneto Inglês n° 1 (por Manuel Bandeira)

Máscaras tradicionais do carnaval veneziano

“Quando a morte cerrar meus olhos duros
– Duros de tantos vãos padecimentos,
Que pensarão teus peitos imaturos
Da minha dor de todos os momentos?

Vejo-te agora alheia, e tão distante:
Mais que distante – isenta. E bem prevejo,
Desde já bem prevejo o exato instante
Em que de outro será não teu desejo,

Que o não terás, porém teu abandono,
Tua nudez! Um dia hei de ir embora
Adormecer no derradeiro sono.
Um dia chorarás… Que importa? Chora.

Então eu sentirei muito mais perto
De mim feliz, teu coração incerto.”

* Ouça aqui o Soneto Inglês n° 1 narrado por Juca de Oliveira

2 comentários Adicione o seu

  1. Só chore, entre em contato com o real.
    Poema maravilhoso.

    1. Avatar de Pedro Gabriel Pedro Gabriel disse:

      Um dos mais belos de Bandeira. Ele queria muito compor versos conforme essa métrica. Nas suas cartas solicitou a ajuda de Vinícius que era poeta e conhecia poesia inglesa inloco. Infelizmente só conseguiu compor dois. O segundo é outra jóia. Qualquer dia ele aparece por aqui.

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